Sunday, November 11, 2007

Bright Lights

Certa vez, deixaram na minha porta uma caixa com fitas largas e laço bem feito, aquelas que a gente vê e deseja ter alguém especial pelo menos por um dia para presentear. Junto à caixa havia um bilhete que dizia: “O mais valioso presente deve ter apreço. Você deverá ouvir, aconselhar, inspirar e ensinar que os raios de luz são importantes. Você vai saber o final de tudo, mas até que ele chegue, várias coisas acontecerão e caberá a ela decidir em qual céu ela brilhará”.

Desde então eu observava e cuidava dessa estrela de perto. De fato, era parte presente na minha vida. Com ela, aprendi sobre as chuvas aos domingos, estrelas cadentes, cafuné, cafofo, abraços doces e, certa vez, com um simples feixe de luz ela colheu minhas lágrimas e me ensinou sobre a inércia. Andou ao meu lado por um bom tempo, mesmo distante estava presente. Com ela, o ambiente era sempre completo, enchia os olhos de todos que a encontravam. Linda, amiga, boa conselheira, inteligente e fiel sempre foram suas principais virtudes.

O tempo passou e a luz frágil escolheu um céu para brilhar. O misterioso escolhido prometeu-lhe toda a felicidade do mundo. Prometeu cuidar, amar, respeitar e fazer com que todo dia fosse o primeiro a ser vivido. Prometeu também, sempre recarregar os feixes de luz com palavras doces para que ela nunca se apagasse.

Minha parte foi feita e tudo foi seguido à risca da forma que dizia o bilhete, mas infelizmente não era meu direito decidir seu céu, por isso, o que me restou foram encontros escusos para ouvir lamentações de um céu escuro, desejos proibidos, destino incerto, lágrimas vermelhas e inércia - aquela que ela me ensinou a vencer.

Aos poucos, essa estrela foi se perdendo em caminhos que eu não podia mudar, e cada vez que uma lágrima era engolida e cada feixe de luz era guardado, uma parte de mim se penalizava por ser tão impotente nesta situação; mais do que isso, o que me rasga, é ter plena consciência de que acompanhei cada feixe de luz esmaecer no silêncio dos dias sem poder fazer nada e só poder esperar que tudo se resolva da melhor forma possível, resguardando meus ombros caso a inércia se canse de secar as lágrimas e deixe que elas voltem a cair novamente na minha frente.

Pode ser que me afastar não tenha sido a melhor coisa feita nesses anos, mas se você concebeu é porque também achou que seria o melhor para mim, ou nós. Por isso, mesmo com a garganta apertada digo que tenho certeza que me cegar foi a melhor forma de me manter intacto diante de tudo; mesmo assim, continuo achando inadmissível uma luz tão forte se perder desta forma, e é com pesar que eu vejo que a mais bela luz que brilhava e encantava -mesmo sem saber- todos os céus se apagou.

No silêncio dos meus dias, ainda peço aos céus que esta luz volte a brilhar sem medo e iluminar novos caminhos do jeito que fazia antes com todos ao seu redor, mesmo que isso demore, pode ter certeza que terei forças para te ver brilhar, daquele jeito, lindo e forte.

Warley Vieira

3 comments:

Matheus Monteiro said...

melhor que esse texto só vc lendo ele...
perfeito.
me emocionei..ops..emocionei-me eheehhe.
hugs.

Anonymous said...

Sem comentários... as always.
Hoje foi especialmente cruel engolir cada palavra.
O que mais me dói agora é ter que admitir que eu já havia perdido você, antes mesmo das 11:50 daquele domingo cinza.
Ainda amo. Talvez ame ainda mais.
E choveu. Ironica e obviamente choveu a tarde inteira, como havia de ser, de forma que não foi possível ver nenhuma estrela no céu. Talvez seja assim por um tempo, talvez não volte mais a brilhar... e porque escondi tantas vezes as lágrimas, agora por fora nem consegui mais chorar.

Anonymous said...

vale chorar toda vez que ler esse texto de tão real que ele ficou?
vale chorar de saudade?